Síndrome do Desfiladeiro Torácico

O Desfiladeiro Torácico é o conjunto de espaços anatômicos na região cervical e ombro pelos quais passam o os nervos do plexo braquial e os vasos subclávios (artéria e veia). Esses espaços incluem o Triângulo Interscalênico, o Espaço Costoclavicular e o Espaço Retropeitoral Menor. A Síndrome do Desfiladeiro Torácico se caracteriza pela compressão dessas estruturas neurovasculares, podendo ser de origem neurogênica, vascular ou mista.

1. Principais Locais de Compressão na Síndrome do Desfiladeiro Torácico

  • Espaço Costoclavicular: É o mais afetado, sobretudo por compressões neurológicas e arteriais, frequentemente associado a alterações posturais (ex: protração da escápula e anteriorização dos ombros) decorrentes do uso prolongado de computadores e celulares.
  • Triângulo Interscalênico: Segundo local mais comum de compressão, delimitado pelos músculos escalenos anterior e médio.
  • Espaço Retropeitoral Menor: Menos acometido em compressões adquiridas, delimitado pelo músculo peitoral menor, parede torácica e músculo subescapular.

2. Causas

  • Congênitas/Ósseas: Costela cervical, processo transverso alongado de C7, alterações na 1ª costela ou na clavícula.
  • Tecido Mole: Variações anatômicas do músculo subclávio e dos músculos escalenos, ventres musculares supranumerários (como o escaleno mínimo) e faixas fibrosas anômalas.
  • Adquiridas: Postura inadequada (uso excessivo de eletrônicos), microtraumas repetitivos, sequelas de cirurgia, traumas e fibrose, levando a encurtamento muscular (peitoral menor, subclávio, escalenos) e consequente estreitamento dos espaços.

3. Manifestações Clínicas

  • Mais de 90% dos casos são de natureza neurogênica. A dor pode acometer pescoço, ombro, região peitoral e/ou braço, geralmente associada a parestesias.
  • Casos puramente vasculares são raros e costumam ter algum componente neurológico concomitante.

4. Diagnóstico

  • Baseado na história clínica e no exame físico (manobras de abdução/rotação externa, “scratch collapse test”, palpação direta nos pontos de compressão, etc.).
  • Exames de imagem (ressonância magnética dinâmica, ultrassonografia vascular, entre outros) são fundamentais para localizar o ponto de compressão e caracterizar a lesão.

5. Tratamento

Conservador

  • Fisioterapia: correção postural, alongamento de peitoral menor e subclávio, fortalecimento de romboides e trapézio, e conscientização quanto ao uso de celulares e computadores.
  • Medicação: para alívio da dor e/ou neuroproteção.

 

Cirúrgico

Em casos sem melhora ou com grande comprometimento funcional, indica-se a descompressão do plexo braquial e vasos, podendo abranger:

  • Liberação do músculo peitoral menor e do músculo subclávio.
  • Escalenectomia (remoção parcial dos músculos escalenos).
  • Ressecção de costela cervical (quando presente).
  • Ressecção da primeira costela

 

Abordagem Endoscópica:

  • O Dr. José Carlos Garcia trata a Síndrome do Desfiladeiro Torácico Neurogênica por endoscopia, baseado em seus estudos dessa patologia iniciados desde 2011 e publicados em 2012. 

Suas publicações atuais sobre a técnica em pacientes demonstraram mais de 95% de bons resultados em pacientes com síndrome neurogênica e mista sem grande comprometimento vascular.

  • O Dr. José Carlos Garcia tem grande experiência com o procedimento, apresentando o mesmo em cursos de cirurgia ao vivo no Brasil em 2024 e no  maior curso de cirurgia de ombro do mundo em Annecy-França em 2023. Estão agendadas demonstrações ao vivo também na universidade de Rotterdam em 2025 logo após o congresso europeu de ombro e cotovelo, congresso no qual também dará uma aula sobre essa técnica, e em Annecy em 2027.
  • Essa técnica apresenta as vantagens das técnicas minimamente invasivas como menor sangramento, menos formação de aderências, grande resolutibilidade e recuperação mais rápida.
  • Quando não efetiva, com grave comprometimento vascular ou em deformidades ósseas de maior complexidade, as técnicas abertas são melhor opção.

 

6. Pós-Operatório

  • Em geral, recomenda-se tipoia por 1-2 semanas.
  • Remoção de pontos e liberação gradual de movimentos após esse período, evitando atividades com carga ou fatores que possam gerar inflamação por cerca de dois meses.
  • Reforço e fisioterapia gradual para prevenir aderências e recidivas.

Publicações do Dr. José Carlos Garcia sobre o Tratamento Endoscópico da Síndrome do Desfiladeiro Torácico.

 

Capítulos em Livros

  1. Garcia, J.C. Correa MFP, Bizetto EL, Lafosse T, Muzy PC. Thoracic outlet Syndrome. In: Peretti G, Peretti M (eds). Neurological Shoulder. 1ª ed. Figino Serenza – Italia: Griffin, 2025, p. 126-163.
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  2. Garcia, J.C. Correa MFP, Muzy PC. Síndrome do Desfiladeiro Torácico. In: Sizinio H, Lech O. (eds) Ortopedia e Traumatologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Di Livros, 2024, p. 783-799.
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  3. Garcia, JC, Lafosse T, Bader D. Endoscopic Release of the Brachial Plexus for Thoracic Outlet Syndrome. In: Lui, T.H. (eds). Arthroscopy and Endoscopy of the Shoulder. 1ª ed. Singapura: Springer, 2023, p. 419-424.
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  4. Garcia, J.C.. Síndrome do desfiladeiro Torácico. In: Doenças do Ombro. 1ª ed. Rio de Janeiro: Di livros, 2022, p. 469-482.
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  5. Garcia, Jose Carlos. Nerve Entrapment. In: Telemicrosurgery. 1ª ed. Paris: Springer Paris, 2013, p. 109-117.
    Link

 

Artigos em Revistas Científicas

  1. Garcia JC, Correa MFP, Fadel GW, Mendes RB, Garcia JM, Muzy PC, et al. Endoscopy for Neurogenic Thoracic Outlet Syndrome: Effectiveness and safety assessments. JSES Int. 2025. Online first.
    Link
  2. Lafosse T, Garcia JC, Lafosse L, Kimmeyer M. Comprehensive Endoscopic Brachial Plexus Release for Neurogenic Thoracic Outlet Syndrome Including Suprascapular Nerve Release and Scalenotomy.Arthroscopy Techniques. 2024; online 103237.
    Link
  3. Bader D, Lafosse T, Garcia JC. Endoscopic Release of the Brachial Plexus. Arthroscopy Techniques.2020;9:e1565-e1569.
    Link
      1. Garcia JC Jr, Mantovani G, Liverneaux PA. Brachial plexus endoscopy: feasibility study on cadavers. Chir Main. 2012;31(1):7-12.
        Link

Prof Dr José Carlos Garcia Jr

É Médico formado pela EPM‑Unifesp em 1998, com residência em Ortopedia e Traumatologia na mesma instituição. 

Desde 2003 é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Ombro e Cotovelo. 

Fez fellowships (fellow vc) em Cirurgia de Ombro e Cotovelo na Mayo Clinic e na Princeton Orthopaedics (EUA), além de fellowship de pesquisa em Microcirurgia Robótica na Universidade de Estrasburgo (França). 

Possui certificação em Cirurgia Robótica pela École Européenne de Chirurgie, atual Université Paris‑Descartes (Paris, França). 

Concluiu Mestrado (MSc) na University of Liverpool (Reino Unido) e Doutorado (PhD) em Ciências da Saúde na USP.

É autor de 14 capítulos de livros, 43 artigos científicos e já apresentou mais de 150 trabalhos em congressos.

 

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